Histórias, vidas, superação, rock, atitude - Entrevista com roqueiro Sul-matogrossense Artur Bicudo

 

Artur Bicudo - A história de um roqueiro no MS

"O underground é isso, é atitude, é protesto, é dar a cara a tapa. Somos contra qualquer tipo de preconceito. O rock te influencia de diversas formas é uma cultura que transforma mentes, muda vidas",Artur Bicudo. 

Divulgação

O blog entrevistou hoje o músico, programador, professor e roqueiro, Artur Bicudo que vai contar as experiências no underground e outros fatores da sua vida. Artur Bicudo tem mais de 20 anos na cena e já tocou em diversas bandas de punk rock, hardcore, grindcore e outros estilos dentro do rock. As bandas que já tocou foram: Parasitas (nome atual Fuck Society), Japurá Noise Project, tocou mais de 20 anos, Death To God, Blessed By Hate, Bestial War, Sparks, Butinada 80, God Of Carnage e atualmente está na banda Chevy On Fire. Participou de vários festivais dentro do MS e fora, dentre eles o Festival Kura Del Sur. O roqueiro fala na entrevista sobre suas grandes influências, a bagagem que tem dentro da cena do rock, como era o underground na década de 90 e como está hoje, o que tem de positivo e negativo. Em dezembro do ano passado Artur fez um transplante de fígado e hoje está em uma nova vida, seguindo em frente e não deixando de fazer o que mais gosta que é continuar na cena, tocando e frequentando os shows de rock. Após recuperação do tratamento o roqueiro mudou sua visão, começou a fomentar campanhas para a doação de órgãos que é muito importante. É importante as pessoas terem essa conscientização de doar órgãos, doar órgãos é salvar vidas. Artur também mudou seu estilo de vida, uma vida mais regrada, curtir com moderação e ficar perto das pessoas que ama. O músico tem vários projetos em desenvolvimento, a nova formação da banda Chevy On Fire é uma delas, estão trabalhando para em breve se apresentar nos bares alternativos da cidade. Está escrevendo um livro onde conta toda sua história, desde à infância e adolescência em momentos turbulentos à fase adulta, na cena underground. Nós do blog, agradecemos imensamente a entrevista concedida, foi um prazer conhecer sua vida na cena underground e desejamos sucesso em seus projetos! Let’s Live Rock!!

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Quem é Artur Bicudo?

Artur Bicudo - sou sul-mato-grossense, nasci em Campo Grande. Sou analista de sistema de Informação e atualmente trabalho na UCDB onde me formei e fiz minha especialização. Além da minha carreira na área de tecnologia mais de 20 anos atuando, sou baterista desde meados da década de 90. Fui integrante de um coletivo chamado Evil Mosh e nós organizávamos vários shows e esse coletivo era baseado em 02 bandas: D.D.O e Blessed By Hate. Sou pai do Arturzinho, um garoto de 15 anos, tenho 2 sobrinhos que considero como filhos, o Neto e o Valentim. Atuo no underground desde 90, toquei em várias bandas e na minha trajetória eu passei por uma luta nos últimos anos contra uma doença hepática que resultou em um transplante de fígado, vou falar mais pra frente sobre esse momento na minha vida. Tive uma recuperação notável, recebi muito apoio da comunidade, amigos e familiares. Resumindo, sou um cara que vivo a música, sempre vivi intensamente e a cena rock foi fundamental pra mim dentro do MS, do Brasil. Sou um cara que é amigo, parceiro que está aí pras correrias da vida.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Fale um pouco de quando o Artur começou a gostar de rock

Artur Bicudo – eu comecei a ouvir e curtir rock meados de 90, 96 no colégio aqui de Campo Grande chamado Arlindo de Andrade Gomes. Ali, eu tive várias influências de vários estilos, conheci muitas coisas, desde o punk, hardcore, metal, rock nacional. Eu tive um círculo de amigos nessa época de colégio muito interessante, daí surgiu várias bandas do Estado do MS, de Campo Grande, dentre elas surgiu a minha, Japurá Noise Project, o D.D.O (Dor de Ouvido), banda Haiwanna, Bêbados Habilidosos alguns integrantes tocaram lá, banda SxAxM, integrantes dos Os Impossíveis, banda Bizarros, bandas de metal, também. Então, eu vivi um círculo lá bem legal, O rock hoje é meu estilo de vida ainda, depois de ter passado mais de 2 décadas eu continuo na mesma essência. Com o rock eu tive uma visão de mundo, me fez questionar várias coisas, o rock é muito importante na minha vida. Foi assim que eu comecei a ouvir rock ‘n’ roll.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

 

Divulgação

Blog Alessandra Paim jornalista - Artur, quais as bandas de rock que você já tocou?

Artur Bicudo - fui vocalista de uma banda chamada Parasita que depois virou Fuck Society estilo punk hardcore, Japurá Noise Project toquei mais de 20 anos, Death To God, Blessed By Hate, Bestial War, Sparks, Butinada 80, God Of Carnage. E hoje eu faço parte de uma banda de rock ‘n’ roll rockabilly chamada Chevy on Fire.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Maiores influências

Artur Bicudo - essa é uma pergunta difícil, porque tem muitas influências. Vamos lá! Judas Priest, Iron Maiden, Megadeth, Slayer, Ratos de Porão, Cólera, Olho Seco, Engenheiros do Hawaii, Ira, Titãs, Barão Vermelho. The Doors, Beatles, Led Zeppelin e dentre muitos. Além das bandas locais, Influências punk daqui do Estado: HIV, Crazy Dick, Os Impossíveis, Repressão Suburbana.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Fale dos eventos e festivais que já participou aqui no MS e fora

Artur Bicudo -   Festival Kura Del Sur em 2007 em Cuiabá (MT). Tocamos em Maringá no Tribos Bar, tocamos em Ilha Solteira, em Coxim, em Goiânia tocamos com Bestial e Japurá Noise Project, Festival em Rio Verde, Presidente Prudente no festival chamado Prudente Inferno. Realizamos o Evil Mosh Fest em Campo Grande onde trouxemos várias bandas do cenário underground nacional.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀


Blog Alessandra Paim jornalista - Fale das vertentes dentro do rock que você curte

Artur Bicudo – punk,grindcore,hardcore, todas as vertentes do metal, curto também rock ‘n’ roll, rockabilly.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Artur, você está desde 96 no underground de Campo Grande. Nessa sua trajetória o que mudou na cena musical, na sua visão?

Artur Bicudo – nessa minha trajetória o que mudou na minha visão foi a grande influência da tecnologia. Antigamente era muito mais complicado você adquirir um material, você ir em shows, você divulgar um evento ao mesmo tempo que era mais difícil era melhor, porque as amizades te fortaleciam. Porque eu falo isso, antigamente a gente tinha vinil, não era tão fácil assim você conhecer bandas, então, quando tinha vinil a minha casa era um ponto de referência, a galera levava os discos e a gente gravava em fitas cassetes. Muitas coisas a gente conheceu ali, na MTV também, na época era multicanal e eu gravava os shows em fitas VHS e a gente reunia a galera pra assistir. E hoje a tecnologia tem ajudado muito na divulgação de shows, bem mais fácil, você vai no Instagram, Facebook, Youtube e tudo tem a divulgação dos eventos e das bandas. Hoje é muito mais fácil, você achar qualquer banda, estilo dentro do spotify e outras plataformas digitais. Então, dessa forma que a tecnologia ajudou eu vejo um lado negativo, ficou muito volátil as coisas, ao mesmo tempo que você consegue ter uma informação rápida, instantânea ela se torna volátil, você não dá muito valor. Eu vejo pelo meu filho de 15 anos e meu sobrinho de 14, eles não têm essa paciência de escutar um disco, eles ouvem as músicas preferidas deles. Hoje os jovens não têm esse apego que a gente tinha, a gente tinha obrigação, o disco era raro, caro, a gente dava valor. Era aquela essência do rock ‘n’ roll que eu tenho até hoje e tento passar para o meu filho. Então, eu vejo essa mudança tecnológica, hoje é mais fácil você gravar uma demo da sua banda, um material legal, gráfico legal, é mais fácil fazer seus merchans, suas camisetas, tem lojas, tem muita coisa acontecendo. Antigamente era mais difícil pra você produzir camisetas, gravar CD’s. Hoje você tem estúdio pra gravação com equipamentos de ponta. E tem uma questão que não muda, o preço alto dos instrumentos musicais no Brasil, ainda são muito caros. Um investimento para ter uma banda pra tocar é bem complicado.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Momentos marcantes na cena do rock pra você

Artur Bicudo – um dos momentos marcantes foi esse festival Kura Del Sur, abertura do show do Sepultura. Outro momento marcante foi ver o show do Iron Maiden que é uma banda que eu gosto muito, ver ao vivo no Rock In Rio, ver uma banda como o Slayer, uma banda de metal extremo, que é banda de ponta, ver a formação original, a formação raiz foi marcante. Todos os festivais que eu toquei foram legais e hoje eu vivo experiências diferentes marcantes também, ver o meu filho se aperfeiçoando, crescendo dentro do meio rock e desde criança ele já faz parte e hoje ele é guitarrista. E eu estou tendo prazer de tocar com ele, de passar momentos agradáveis, a gente fazendo rock, fazendo música. Ele é guitarrista, ele não me seguiu, não virou baterista, (risos). É um excelente guitarrista, teve como professor um grande nome da cena rock de Campo Grande, Fabio Terra, o Corvo - guitarrista da Banda Do Velho Jack, um grande amigo e foi um excelente professor para o meu filho. Foram vários momentos marcantes na minha vida, todos os shows fora, as amizades que eu fiz. Presidente Prudente foi um local que marcou muito a história do Japurá Noise Project. Nós tocamos em festivais muito legais, fizemos amizades de bandas, em Maringá temos amigos, amigos de São Paulo. As amizades contam muito. Durante toda a minha vida dentro do rock eu acho que o principal são as amizades, são as histórias que ficam, tem muitas histórias, esses são os momentos marcantes. E a gente vai vivendo a cada ciclo, a cada banda que vai tocar, a cada evento. Então, é uma vivência contínua, eu acho que o underground é um estilo de vida, não é uma coisa passageira como nossos pais falavam antigamente, pra gente. Que era uma fase e não era.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Em 2020 sua vida mudou devido um problema de saúde. Fale um pouco dessa passagem.

Artur Bicudo - em 2020 eu já não estava bem, tive problemas de saúde. Estava com muita sonolência, esquecimentos, estava muito inchado devido ao consumo excessivo de bebidas alcóolicas, hábitos frequentes na vida noturna, acabam impactando tanto a saúde emocional, psicológica e física, também. Fui diagnosticado com uma doença no fígado, uma cirrose hepática por conta de uma hepatite C, não foi necessariamente por conta do álcool, mas o álcool ajudou no desenvolvimento dessas patologias. Nesse tempo eu fiquei dedicado a tratar a minha saúde, foram momentos muito difíceis, tive apoio da minha família, de muitos amigos e eu me afastei de tudo e da cena underground para me tratar. Depois disso, eu tive uma espiritualidade melhor e me tornei Straight Edge, um movimento dentro do punk no hardcore que prega a liberdade, livre de drogas e álcool. A marca disso aí era sempre fazer um X na mão. Foi uma coisa muito boa, eu já frequentava festivais Vegan Straight Edge que também pega o veganismo, a proteção animal, a libertação animal. Então, é uma causa política, frequentei muitos festivais, mas na época eu consumia álcool ainda e hoje sou adepto ao veganismo. Em dezembro de 2024 eu fui transplantado, recebi um fígado novo e a minha vida mudou. Hoje tenho uma vida normal, tomo alguns remédios pra vida toda, mas isso é uma coisa tranquila em vista o que passei. Estou com uma vida tranquila, voltei a trabalhar, a tocar. Essa passagem na minha vida transformou minha mente e hoje eu luto pela campanha de doação de órgãos que é tão importante salvar vidas.  Eu vivi isso, vi pessoas morrendo em filas de transplantes, pessoas que não tem condições de bancar os remédios caríssimos.  Eu sou um privilegiado, eu tive amigos que me ajudaram muito. Eu fiz campanhas, rifas, feijoadas, fiz almoços e todo mundo participou e isso contribuiu muito. Quando tinha recém-operado, feito o transplante fizeram show de rock no Bar Trem Mineiro. O Natalpool que foram meus amigos que fizeram do Repressão Suburbana e outros amigos que estavam envolvidos, Diego DS que é meu grande amigo DJ, a gente tocou muito na noite. É isso, foi uma luta constante e hoje tenho orgulho de dizer que eu sou transplantado e estou vivo.

Divulgação

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

 

Blog Alessandra Paim jornalista - O que mudou pra você depois dessa superação?

Artur Bicudo – depois dessa superação do transplante de fígado mudou muita coisa na minha vida. Mudou meus pensamentos e hoje tenho uma vida saudável, me curei. Ao mesmo tempo não deixei de fazer absolutamente nada que eu fazia, não deixei de fazer o que eu gosto. Voltei a tocar, continuo frequentando shows, continuo apoiando as bandas, continuo comprando material, ou seja, dentro do underground a minha vida continua a mesma. A gente pode se divertir, a gente pode curtir, sem excessos. Essa é uma das mensagens que eu quero deixar nas minhas entrevistas. Eu sempre falo sobre isso nas minhas páginas, eu falo para os jovens “abre o olho que a vida é uma só, a gente curte, eu já curti bastante, mas poderia curtir de outra forma, não destruindo tanto a minha saúde, a minha vida e automaticamente destruindo a vida do meu próximo, da minha família, dos meus amigos”. Você não destrói só a sua vida, destrói a vida de várias pessoas que amam você. E foi isso que mudou, pensar mais no próximo, fazer a caridade, fazer o bem, essas são minhas metas, sempre estar fazendo campanhas de conscientização de doação de órgãos, ajudar seu semelhante, se você puder, ajude. Apoie o underground, vai ver as bandas dos seus amigos, pague pra ver as bandas autorais, o underground só vive porque a gente fortalece. Eu sempre falo que tem que apoiar seu amigo que tem uma loja de discos, tem uma loja de camisetas, que faz shows. Apoie o movimento local, muitas vezes as pessoas dão mais valor para as bandas de fora e aqui na nossa cena local tem muitas bandas boas.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Artur você disse que já está com uma nova banda. Conte mais a respeito

Artur Bicudo – estou com um projeto novo, está engatinhando, são músicos que já atuam no rock ‘n’ roll, que atuam há tempos, são músicos que estou conhecendo agora, são pessoas legais. Esse projeto chama Chevy on Fire, esse nome foi eu quem dei, uma amiga minha Aline Calixto que é atriz, cantora, professora, minha amiga de longa data. Ela me convidou pra fazer parte desse projeto, fiquei muito honrado com esse convite, aceitei de primeira. Antes disso, ela já estava tocando com a banda e fez uma enquete para postarem sugestões de nomes e uma delas foi Chevy on Fire que foi a minha sugestão e o pessoal da banda aprovou na época. Estamos tocando rock ‘n’ roll Rockabilly e a ideia é fazer autorais, com certeza, todo trabalho que faço independente do estilo sempre fiz músicas autorais. Ah, mas o underground é menos acessível. Sim, as bandas underground sim, mas chegava ao público que deveria chegar e o Chevy on Fire é a mesma coisa, claro que é outro estilo, abrange um público maior. A proposta é fazer som pra se divertir, fazer rock ‘n’ roll e rock ‘n’ roll é diversão. Esse projeto é diferente dos outros que já fiz que era mais um contexto político social e de cunho de protesto. Essa banda está me dando um novo gás, uma outra pegada. Estava um pouco desanimado, tentei voltar para os projetos antigos e infelizmente não deu certo. E voltei a tocar com meu filho, fazer som e veio esse convite da Aline e até agradeci a banda no último ensaio, foi muito importante pra mim fazer parte desse projeto Chevy on Fire. Eu não parei, eu estou vivo, o rock ‘n’ roll é isso, bola pra frente.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Fale sobre o livro que você quer escrever. Qual a ligação do rock com seu livro?

Artur Bicudo - realmente agora estou falando sobre isso, estou escrevendo um livro e já foram alguns capítulos que escrevi. Como é difícil você escrever livro, como é difícil você conseguir apoio, mas eu estou começando, estou aprendendo como me inscrever em projetos, procurar apoio e a primeira coisa é terminar de escrever. E tem tudo a ver com o rock é a história da minha vida, eu conto desde minha infância, sobre a minha vivência, questões familiares. A falta de um apoio paterno, de um pai presente. Depois da adolescência, as revoltas, as revoltas contra as coisas que acontecem dentro do sistema, às questões políticas é tudo dentro desse contexto. Aí entra o rock no meio, o punk rock, o hardcore, o grindcore. O rock é contestação e quem fala que o rock não mistura com política, está totalmente enganado ou está fingindo ser rockeiro, e tem muitos assim, (risos). O rock é isso, o rock é protesto, é indignação então eu conto sobre isso, eu conto a minha história, a minha história depois da minha adolescência meados dos anos 90. É rock, é underground, bares, shows, bandas. Eu conto essa história de personagens, pessoas que estão ativas, pessoas que caíram por conta de vícios, pessoas que se foram, perdemos alguns amigos nessa caminhada, infelizmente é a vida. E o livro fala muita coisa, eu estou fazendo protótipo e claro que vai ter muita gente que vai participar, me ajudar nessa história, são os companheiros de jornada que tiveram nessa caminhada. Pessoas importantes, amigos, familiares, tem muita história. Um livro não vai dar pra contar nem 1/3 do que eu queria realmente mostrar. Creio que sou um cara que tive muitas boas experiências e alguns não tão boas pra contar. E o importante dessa vida é você ter histórias pra contar, ter vivido intensamente tudo e é isso, estou tentando materializar isso, deixar registrado. É um sonho e eu espero concretizar e com certeza eu vou.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - O que você acha das novas bandas independentes de hoje? Seguem o legado das bandas referências de antigamente? O que poderia melhorar?

Artur Bicudo – acho que tem muita banda surgindo aí tanto no cenário nacional quanto no local, mais precisamente em Campo Grande. Tem bandas legais no estilo grindcore, tem bandas no metal, surgindo. E eu acho que a galera está vindo com a bagagem já grande porque já vem com muta informação, já vem acelerada. Eu vejo pelo meu filho pega as coisas rápido, tenho base no meu filho e meu sobrinho. Eles têm muita informação e conseguem captar de forma rápida e isso é muito positivo. O que pode melhorar é a galera ter mais paciência, pegar um disco e ouvir do início ao fim, você vai ver que isso vai melhorar muto como músico e pessoa, também. O rock te influencia de diversas formas é uma cultura que transforma mentes, muda vidas. É deixar um pouco dessa coisa volátil de escutar uma banda hoje e nunca mais ouvir ou ficar escutando mil bandas em um dia e não absorver nada. O que precisa melhorar, tem muita coisa boa acontecendo, mas tem algumas bandas que deixaram de produzir, deixaram de fazer autoral, vamos focar mais no autoral. Tem público pra isso, faz de coração, dê a cara a tapa, proteste, mete o pé, o rock muda as coisas, muda cenário, muda vidas. Tem que ter atitude, tem muita molecada que tem e outras que não tem. Eu vejo que as bandas estão acontecendo, a nova geração está aí e o underground não para, assim como o rock não para e não deve parar. Eu vejo felicidades nisso que está acontecendo todo esse circuito novo. Tem shows rolando em Campo Grande com bandas antigas de 15 e 20 anos e com bandas novas que não tem nem 05 anos de estrada. Tem muita coisa acontecendo, essas bandas abrindo shows para outras bandas grandes do cenário como Sepultura, Angra, Ratos de Porão. Eu vejo com bons olhos a nova geração.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Para essa nova banda Chevy On Fire já tem programação para shows?

Artur Bicudo – o projeto está no início e nossa proposta é fazer música própria, também com alguns covers. A gente não vai se basear só em covers, mas apostar nas autorais. Claro que o nosso maior setlist vai ser cover porque a ideia é tocar em diversos lugares culturais em Campo Grande. A ideia é outra, não é tanto no underground como era as outras bandas que eram em circuitos fechados. A gente pensa em divulgar a banda num nível maior para atingir outros públicos, atingir várias idades, aquele bom e velho rock ‘n’ roll que agrada a gregos e troianos. Essa é a proposta da banda, a ideia é fazer bastante shows e tocar também fora do Estado. É fazer rock ‘n’ roll e a Chevy On Fire é isso, um vocal feminino, um vocal marcante da minha amiga Aline Calixto. E hoje eu vejo o cenário feminino também com um cenário maravilhoso aqui, temos várias vocalistas interessantes que cantam muito com bandas com vocalistas mulheres, mulheres na guitarra, no baixo, na batera. Eu acho que o rock tem que caminhar assim, não tem que ter essa questão de gênero, não tem que ter só homem que faz rock ‘n’ roll ou só cabeludo e não tem essa não. O rock ‘n’ roll é pra quem quiser e a mulherada está aí mostrando que sempre fez um trabalho bom e muitas vezes até melhor que muita banda de homens, por aí. Eu incentivo muito o rock feminista, então a Chevy on Fire é isso também, ter uma líder mulher e isso é muito bacana. Sobre a programação ainda não temos datas de shows marcados, mas temos vários convites e estamos ensaiando para em breve nos apresentarmos na cidade.

Banda Chevy On Fire em estúdio

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Qual banda musical é sua referência aqui no MS e por quê?

Artur Bicudo - pergunta muito difícil de responder porque desde que eu comecei no rock já tinham bandas que faziam som aqui no MS e eu tenho como referência é a banda Alta Tensão. É uma banda que foi reconhecida na época como precursores do heavy metal do Brasil. É uma banda que influenciou muito, principalmente o disco o “Portal do Inferno”. Mas existem muitas bandas, se for parar pra pensar pro lado do underground, tem bandas de parceiros que é o D.D.O, o Katástrofe, Hayze são bandas antigas que estão resistindo. Tem No Name, SxAxM, HIV, Os Impossíveis, Repressão Suburbana, Disharmonical Tempest, tem muitas referências. No MS é um Estado que não perde pra nenhum grande centro em matéria musical e cultural. Sou sul-mato-grossense, tenho orgulho da nossa cena musical, da nossa cena underground e é injusto falar uma referência porque tenho muitas.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Hoje, qual seria seu sonho?

Artur Bicudo - um grande sonho que eu tinha na minha vida era fazer um som com meu filho. Desde pequeno ele me acompanha, desde a barriga da mãe nos rocks e festivais. A gente tem feito música juntos, um sonho que estou realizando e isso é muito bacana. Outro sonho é assistir mais festivais, estar sempre no rock ‘n’ roll é o que estou vivendo, hoje eu falo estou vivo e o que vir pela frente é maravilhoso. E eu tenho esperança de um mundo mais justo, mais igualitário e menos preconceituoso isso é dentro do rock também. Essa é a visão que eu tenho do rock contestador e continuar tocando rock até quando for possível. É um sonho que a gente vai vivendo a cada dia. 

Divulgação

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista - Na sua opinião como está a cena local para o underground?

Artur Bicudo – eu vou falar a nível local, Estadual. A cena local está forte, tem bandas boas tanto aqui em Campo Grande quanto em outras cidades. Tem festivais acontecendo, as bandas gravando material, bandas antigas retornando, bandas novas surgindo, então a cena underground continua viva, continua forte aqui no MS. Como mencionei anteriormente o MS não perde para outros grandes centros, mesmo sendo o Estado do sertanejo que é o Agro. Mas o rock ‘n’ roll é forte, o underground é forte, aqui a gente faz som, aqui a gente protesta, não é diferente de outros locais. A cena está crescendo cada vez mais, tem muitos shows rolando. Está acontecendo muita coisa e quem fica reclamando que não tem rock, não tem show, realmente está desligado. Está rolando muita coisa, a cena está forte no MS, sim.

💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀💀

Blog Alessandra Paim jornalista – Mensagem do Artur para galera undeground

“Primeiro agradecer a oportunidade de estar falando um pouco sobre a minha vida, da minha caminhada underground. Agradecer à Alessandra Paim e ao blog essa divulgação, esse espaço faz muito bem para a nossa cena underground. Continue com o trabalho, muito obrigado. Faça o que você gosta, faça você mesmo, seja feliz, não inveja os outros. Chega de preconceitos, chega de ideias que não fazem a gente melhorar em nada. Todo o som que a gente fazia, a gente tinha essa preocupação de passar essa mensagem, que não temos preconceitos de nada, nós somos contra homofóbicos, xenofóbicos, racistas, qualquer forma de preconceito, somos contra. Principalmente essa galera que está no rock, o rock é contestador, o rock é político, o rock é uma ferramenta para você se expressar, tenha isso em mente, se você não ter isso em mente você não entendeu o que é rock ’n’ roll. Curtam o rock da melhor forma, ame o seu próximo, ame seus filhos. A música é maravilhosa e graças a Deus eu sou feliz em fazer parte disso tudo. Mais uma vez, obrigado”, Artur Bicudo. 









Entrevista exclusiva do Blog - Imagem Marcelo J Borges


Comentários

  1. Show de bola 🤘🏻!! como sempre conteúdo magnífico 👏🏻😊🔥🔥🔥

    ResponderEliminar
  2. Valeu demais participar do blog, obrigado mais uma vez Alessandra Paim... Apoie o underground!!!!

    ResponderEliminar
  3. 👏👏👏👏👏

    ResponderEliminar
  4. Muito bom 👍

    ResponderEliminar
  5. Muito boa a entrevista, história de vida sempre bom contar. Sendo um exemplo,l a ser seguido pra esse jovens que estamos começando 👏👏👏

    ResponderEliminar
  6. Excelente entrevista !Excelente trabalho que esse blog vem fazendo no meio underground, faz falta espaços como esse para falar desse movimento tão presente mas pouco divulgado. Um salve para o pessoal desse blog👏👏👏🤟🤟🤟

    ResponderEliminar
  7. Entrevista legal! Blog massa.
    É nítido o trabalho de vocês e cada Entrevista, o cuidado e respeito pelas suas fontes. Reconhecermos bons jornalistas de longe! Saulão Jornalista e radailista . São José do Rio Preto SP

    ResponderEliminar

Enviar um comentário